Assertividade pode ser definida como a expressão adequada das emoções, a reivindicação adequada dos direitos de cada um, sem violar os direitos do próximo, de maneira auto afirmativa, sem ansiedade. Envolve DIZER NÃO sem se sentir culpado quando a situação assim o exigir, a saber, aceitar uma crítica, um elogio, pedir um favor, a recusar um pedido de favor quando não for possível atender, sem culpa e sem medo de magoar o próximo, a aceitar um “Não” etc. Parece uma competência simples, mas não é. Quantos de nós sabemos dizer não na nossa cultura??
Existem três formas de comunicação:
Agressiva: “explodo” com a pessoa, sem hostil e digo algo como “você não vê que estou em dieta? A troco do que iria comer isso aí?”. O efeito posterior acaba sendo um sentimento de inadequação e de culpa. E…lá vai comida…
Omissa: Faço algo (ou deixo de fazer…) contra a minha vontade. Por medo de magoar a pessoa ou de desapontá-la, aceito a contragosto a comida. Gera raiva (de mim e da pessoa), uma sensação de falta de controle e, fatalmente, se a pessoa for compulsiva, o estopim para um ataque de comer.
Assertiva: digo aquilo que, efetivamente, é a expressão de um direito. TENHO O DIREITO DE ME CUIDAR E NÂO COMER! Coloco a ênfase no comportamento e não na pessoa.
“Coma um pedaço de bolo!”
“Não obrigado!”
“Mas está muito bom!”
“Eu sei que está muito bom, mas não quero obrigado!”
“Puxa, um só não faz mal! Não vai estragar sua dieta!”
“Eu sei que um só não vai estragar minha dieta! Mas não quero, obrigado!”
Repare que a mensagem “não quero, obrigado!” é repetida a cada resposta. Pode ser acompanhada da frase da pessoa que oferece o alimento. Essa técnica chama-se “disco riscado”, devido à repetição da mensagem. Deve ser repetida até a pessoa desistir de oferecer e ser pronunciada SEM RAIVA, ANSIEDADE OU AGRESSÃO, DE FORMA SEGURA E AFIRMATIVA! Parece simples, mas… quantas vezes as pessoas compram uma roupa só porque a vendedora insistiu?
Qual o perfil das mulheres que não conseguem dizer não?
O perfil das mulheres que não conseguem dizer “NÃO”, é variado. Habitualmente revela insegurança, dependência, submissão. São pessoas que tem dificuldade de expressar emoções como a raiva, por exemplo. Tem medo da rejeição social por “desagradarem” o outro.
Ocorre também em pessoas que apresentam uma resistência interna em emagrecer. Querem e não querem a mesma coisa ao mesmo tempo. O lado consciente quer emagrecer, mas inconscientemente sabotam o plano original. A resultante, claro, é uma baita ansiedade que leva freqüentemente ao prato… No processo de auto-sabotagem tentam se enganar minimizando a culpa : afinal foi o outro que ofereceu…Jogo do avestruz…
E quando há um apelo meio “chantagista?”
Muitas pessoas não conseguem dizer “Não” diante de uma colocação “chantagista”:” A titia fez só para você…” Recuse com carinho, lembrando se sua saúde… Não é a “titia” que irá se maldizer depois.
O que sente a pessoa que não se posiciona?
Basicamente raiva de si mesma e do outro, uma sensação de “desrespeito”. Mas você também não se respeitou quando “aceitou”. Frustração e. comida!
Essa concessão pode prejudicar uma dieta?
Sim, é comum! Primeiro o “pedacinho a mais” pode gerar a sensação de falta de controle (que é muito pior que a falta de controle em si). Aí… perdido por um…Se a pessoa tiver compulsão alimentar o gatilho será infalível! Passa um boi, passa a boiada inteira! E mais uma dieta que se foi!
O que fazer num tratamento para emagrecer em relação à assetividade?
O comportamento não assertivo é reforçado pela sociedade, pela escola, pela igreja, que nos ensinam ser a submissão uma virtude. Poucos de nós somos tão virtuosos a ponto de virarmos o outro lado…
A assertividade pode ser trabalhada, aprendida, treinada. Trará benefícios em nossos relacionamentos, sendo inclusive, fator a ser trabalhado num processo de emagrecimento quando a dificuldade de posicionamento em relacionamentos estiver presente. Pessoas com dificuldades interpessoais tendem a comer muito mais.
Algumas sugestões práticas?
Avalies sua situação. Faça a pergunta “é bom para mim?” Você tem de assumir o direito de não comer e de fazê-lo por opção. Responsabilize-se por esse comportamento!
Na pratica é fazer valer esse direito.
A técnica do “disco riscado” é muito útil nestes casos.
Cuidado, nestes momentos, com pensamentos de auto-sabotagem que deverão ser confrontados: “Porque não? Eu mereço!”. “Todo mundo come, porque eu não posso?” “É mesmo, só um não irá fazer mal”. Tais pensamentos podem detonar um autêntico banquete, com muita culpa depois.