Para a OMS quatro requisitos definem qualidade de vida: capacidade de trabalho, independência, relacionamento familiar e social adequados e vida sexual prazerosa. Qualidade de vida implica em bem estar físico, psíquico, social que permitam lutar por nossos objetivos na busca da felicidade, conceito individual. O que é ser feliz para um pode não o ser para outro, mas, qualquer que seja o conceito, há necessidade de condição psicológica acurada.
Que atributos concorrem para o preenchimento dos critérios da OMS? Inteligência? Sucesso acadêmico? Preparação técnica?
Os fatos mostram que são necessários mas não suficientes. Alguns psicopatas são dotados de QI elevadíssimo que utilizam para fins malévolos. Muitos alunos brilhantes não são profissionais de sucesso e não são felizes.Segundo pesquisas americanas, 90% dos executivos que perdem seus empregos o fazem por problemas emocionais e não por deficiências técnicas.Fanatismo político em líderes inteligentes causam catástrofes mundiais, com a de setembro de 2001 em Nova York.
Qualidade de vida é a busca do prazer pura e simplesmente? Efetivamente não. O prazer é um componente importante da felicidade, mas não a felicidade em si. Para alcançarmos uma vida qualitativamente estável, muitas vezes fomos e somos levados a adiar prazeres imediatos para conseguirmos objetivos a médio e longo prazo e que, quando alcançados, se tornam verdadeiramente prazerosos. Foi assim na formação acadêmica, na vida profissional e até numa dieta para emagrecer onde o prazer discutível de comer demais é suprimido visando saúde e boa forma. A esta capacidade de adiamento de uma gratificação damos o nome de controle emocional.
As emoções são componentes essenciais da qualidade de vida, da felicidade. Mas o que são? Como interferem em nossas vidas?
Emoções são importantes estratégias de sobrevivência adquiridas no processo de evolução da espécie sem as quais não teríamos chegado onde estamos. O homem e os demais animais sobreviveram por desenvolverem emoções. O medo, a mais antiga emoção animal, nos permitiu escapar dos predadores e chegarmos até aqui. A espécie humana sobreviveu e adquiriu outra capacidade: a de pensar, raciocinar, de prever o futuro. À mente emocional, composta de repostas arcaicas, bruscas, rápidas soma-se a mente racional, que analisa e leva em consideração todas as variáveis antes de apresentar uma reação e que administra as emoções. O funcionamento destas “duas mentes” deve ser harmonioso. Deve…Mas nem sempre é! A velocidade em que tudo ocorre, o frenético ritmo do desenvolvimento, a evolução cultural, o progresso tecnológico alucinante que torna obsoletas hoje soluções que mal digerimos ontem, nos levam ao stress e requerem um preparo emocional que nossos ancestrais da idade da pedra não precisariam. As emoções podem ser o tempero e a base dos componentes da qualidade de vida ou autêntico inferno psicológico, dependendo como as utilizemos. Freqüentemente somos surpreendidos por desatinos emocionais que fogem ao nosso controle indo à direção contraria de nossos anseios. O medo pode ser importante provedor de sobrevivência ou elemento de incapacitação, como no pânico, por exemplo. A agressividade bem canalizada e dosada nos leva à tomada de decisões importantes, a novos projetos ou desafios e, mal utilizada, pode nos levar a matar um semelhante. A ansiedade exagerada impede qualquer dos parâmetros utilizados para a definição da qualidade de vida.
Então podemos deduzir que a qualidade de vida, qualquer que seja a concepção, supõe controle das emoções, equilíbrio emocional, maturidade e autoconhecimento. Em aprendermos a utilizar as emoções a nosso favor e não contra, o que nem sempre é possível em nossos dias.
A busca da felicidade, da realização pessoal, do bem estar vital implica, acima de tudo, do equilíbrio psicológico, sem o qual nenhuma competência prevalece.