Não há mal algum em planejarmos o futuro. Antevemos uma situação, nos preparamos para uma prova, para um desempenho esportivo, artístico ou acadêmico . Nestes casos a antecipação das situações tem a conotação de precaução. Empregamos a reflexão para a busca de uma solução.
A preocupação pode ser compreendida como a vigilância para detectarmos perigos futuros, a antecipação do que pode dar errado e como lidar com isso, buscando as soluções possíveis.
Mas quando se torna crônica, repetitiva, inquietante, desproporcional à natureza da situação prevista, quando assume caráter catastrófico, esperando-se sempre o pior em cada situação, quando os pensamentos perturbadores aparecem sem serem convidados, perturbam quaisquer tipos de recursos disponíveis a serem mobilizados para a solução. A essa preocupação crônica, continua, que coloca as pessoas que a tem em permanente estado de alerta dá-se o nome de Ansiedade Generalizada. As pessoas referem “sentir-se permanentemente à beira de um abismo” ou, ainda, “não conseguir manter a mente livre da sensação desagradavel.
Na situação há sempre uma eminência de catástrofe. Os pensamentos são intrusivos e conduzem sempre a um “final infeliz”.Se a função da preocupação é lidar com perigos potenciais, prevenir uma ameaça e levantar possíveis alternativas de resolução, caso ocorra o fato previsto, na prática a ruminação ansiosa não cumpre sua finalidade. A preocupação crônica não permite a tranqüilidade e necessária para a avaliação adequada da situação futura. Além disso, essas pessoas estão permanentemente infelizes , apreensivas, excessivamente vigilantes e podem sofrer de depressão. Antecipam uma série de situações cuja probabilidade de ocorrência é mínima ou desprezível ou, ainda, supervalorizam a ameaça e as consequências do fato temido.
Pessoas com ansiedade generalizada criam a partir de dados insuficientes imagens de perigo que, por sua vez, disparam a ansiedade. Essa ansiedade provoca pensamentos negativos que desencadeiam nova onda de ansiedade e realimentam as apreensões em espirais crescentes.
Os processos mentais que possibilitam a resolução de problemas são flexíveis, alternativos, derivados de formulação adequada do problema, que inclui a avaliação do grau real de ameaça . Neste tipo de preocupação, ao contrario, o pensamento torna-se rígido, estereotipado, inflexível, repetindo e antecipando as mesmas conseqüências negativas.
A supervalorização do grau de ameaça da situação e das conseqüências da situação temida, aliadas a sensação de indisponibilidade de recursos trazem enorme sofrimento e prejuízo generalizado para a pessoa.
A presença deste tipo de preocupação, requer abordagem psicoterápica.