“ Meus pais haviam acabado de separar-se e eu estava com 13 anos. Me lembro do primeiro dia de minha dieta. Meu irmão diz que eu era gorda e feia. A gente brigava e quando ele me xingava de outra coisa , tudo bem. Mas de gorda… Comecei com uma dieta de revista. Depois com uma da sopa. Aí minha mãe procurou uma nutricionista e eu estava com 1,52 m e com 45 kg e me achava gorda. Comecei a cortar algumas coisas que eu achava que iriam engordar. Tinha medo, mas muito mesmo de ficar gorda. Perdi 3 kg e fui elogiada por ela, mas quando ela falou “vamos manter” fiquei com muito medo. Ela pedia que eu aumentasse um pouco os alimentos mas eu não queria. Mentia para ela, não comia lanche na escola e um professor de educação física da academia disse que não comesse hidrato de carbono à noite. Cortei à noite e também de dia. Ficava fraca mas insistia no exercício. Me via uma gorda no espelho. Meus pais me pediam para ir ao médico mas eu não ia. No fim me obrigaram a fazer um exame médico e eu fui encaminhada ao psicólogo. Não menstruava e achava que era normal. Comecei uma terapia a contra gosto e me achava uma baleia. O dia em que minha prima sofreu um acidente de carro fiquei louca e aderi à terapia. Custou mas consegui entender que corria risco de vida. Já tinha pensado em usar drogas para emagrecer e outras coisas como laxantes mas não usei. Um doía desmaiei e o psicólogo convenceu-me a procurar a nutricionista. Aumentei um pouco de peso, hoje peso 44 kg e estou melhor. Mas confesso que tenho ainda medo de engordar. Mas tenho vontade de sarar. Acho que peguei no começo…”
J.V (15 anos)
“Quando fiz intercâmbio na Inglaterra, minha colega brasileira era fissurada em forma física. Dietas, exercícios, remédios, Passei a me achar gorda e segui o exemplo dela. Enganávamos nossa mãe inglesa, e mal comíamos e dávamos fim na comida. Fui diminuindo toda a alimentação, fazia exercícios até não poder mais, minha cabeça só pensava nisso. Voltando ao Brasil continuei me achando gorda e mesmo com 39 kg e manequim 34 achava minhas coxas muito gordas. Pensava em emagrecer mais e mais, até a perna afinar. Não menstruava e achava encanação da família que se intrometia na minha vida. Não saia mais com amigas, usava roupa larga para não me encherem a paciência e não queria mais saber de ouvir sermões. Um dia, soube de uma terrível noticia : minha colega de intercâmbio cometera suicídio ! Teve depressão e se matou e eu tive um choque : era doença mesmo. Com medo de morrer, fui para um tratamento psicológico. Estou com 17 anos, tenho 1,60 m e peso 41 kg. Não está sendo fácil mas acho que vou conseguir. O que mais me apavoro é a morte, mais que o medo horrível de engordar.,”
(L.W. 17)
“Em Paris um estilista disse que eu estava uma baleia. Tenho 1,76 m e peso 52 kg. Sozinha, acreditei naquilo e, embora trabalhasse bastante, achava que se engordasse teria acabado minha carreira de modelo. Comecei a fazer tudo que me falavam para emagrecer. Jejum, remédios, pensei até em usar drogas. Tomava laxantes e cheguei a jejuar por dois dias seguidos. Aí eu não agüentava e mandava ver : comia o que vinha pela frente. Vinha o arrependimento, a tristeza e o descontrole. Não sabia mais o que era normal. Comecei a perder peso e quando voltei ao Brasil minha família e a Agência se escandalizaram . Fiquei louca da vida e continuei utilizando meus métodos. Quando meu namorado me convidava para sair ficava louca :”será que este cara não vê que eu preciso emagrecer ?” Acabei desmanchando o namoro. Amigas ? Nem pensar ! O medo de comer me fazia calcular todos os itens de calorias dos alimentos. Cheguei a comer algodão com água para não sentir fome. Minha pele estava amarelada, as palmas da mão alaranjadas, meu cabelo caia e eu me sentia deprimida. Não pegava trabalho de jeito nenhum e achava que era porque estava gorda! Um dia tive uma sensação terrível, o peito parecia que iria estourar, o coração saia pela boca, sentia-me enformigada , arrepiada e achei que iria morrer. Corri para o Pronto Socorro e lá disseram que não era nada. Mas como, se eu sentia tudo aquilo ! Consultei o Dr. Tommaso e fiquei sabendo que tinha “PÂNICO” . Era, como ele disse, um ataque de pânico. Uma sensação tão aterrorizante que me mantinha com muito medo ! Aí comecei o tratamento e percebi que estava num estado quase anoréxico. Felizmente, após muita perseverança, voltei à vida normal. Fico a maior parte do tempo fora do Brasil, mas quando venho faço um programa intensivo da parte psicológica. Qualquer idéia do tipo “estou gorda” comunico ao Dr. Tommaso.”
(C.D. 19 a, modelo internacional)