A auto-imagem pode ser definida como a visão que temos de nós mesmos, o nosso“retrato mental” baseado em experiências passadas, vivências e estímulos presentes e expectativas futuras. Inclui a forma o tamanho, as proporções do nosso corpo, nossos sentimentos em relação a ele e suas partes segundo nossa avaliação.
A aquisição da auto-imagem se dá por aprendizagem. Ao interagir com as pessoas que lhe são importantes a criança recebe retorno verbal e não verbal que reforça suas particularidades. A avaliação que faz de si surge a partir da avaliação que os outros fazem dela.
A aparência física, a força, a coordenação motora provocam reações nas pessoas. Meninas bonitas recebem estímulos dos outros que ressaltam essa qualidade. Meninas esportistas são requisitadas pra fazer parte de equipes esportivas. A criança chega à formulação de quem é, em parte, devido às próprias observações, mas principalmente pelas observações dos outros para com ela.
O déficit de algum aspecto da aparência é menos importante que os sentimentos que o acompanham, via reação dos que a rodeiam e que com ela interagem.
A imagem que a criança tem de si pode não ser exata. Quanto mais real essa imagem maior facilidade terá de se comportar diante da vida. Quanto mais a criança gostar de sua auto-imagem maior será sua auto-estima.
Adler, discípulo de Freud, falava em sentimentos de inferioridade originários da infância, onde a criança sentia-se pequena e fraca em contato com o adulto, grande e forte. Precisando ser cuidada, tomada ao colo, recebe mensagens de sua dependência e fragilidade.
Em nossa sociedade, onde vivemos a cultura da aparência, a beleza adquire conotação de aceitação de não rejeição. Não ser bela equivale a ser rejeitada. A busca da beleza é também busca de aceitação. Crianças atraentes são mais valorizadas, mais requisitadas. A criança se esforça para ser aprovada e para obter a habilidade que considera mais. A beleza é uma delas e a mais valorizada, inclusive como critério de inclusão. Quando pergunta se é bonita está solicitando a aprovação do adulto. Quando não obtém êxito na construção de uma auto-imagem pode generalizar essa inadequação para outras áreas de sua vida. A avaliação que fizer de si, suas crenças a respeito, determinarão seu comportamento.
Pessoas que se consideram feias, procedem como tal, mesmo se consideradas bonitas por outras. É elevadíssimo o número de modelos que se vêm feias! Entrevistando-as verifico que, ao longo da infância, não foram consideradas meninas bonitas. A estatura acima da média, a magreza, geraram apelidos como “bambu”, “pernalonga” e outros. Escolhidas por uma agência recebem cuidados de imagem que potencializarão sua imagem. Mas a auto-imagem irá demorar em se consolidar, muitas vezes após psicoterapia. A produção interfere na forma em que os outros as vêm, a psicoterapia na forma em que elas se vêm. A auto-imagem é mutável por fatores emocionais, sentimentos, sensações internas, por estimulação cultural, moda, mídia e outros.
Uma auto-imagem potencializa a beleza e a saúde. Mulheres que se avaliam como belas, mesmo sem preencherem as características de um “padrão”, apresentam auto-estima e qualidade de vida superior àquelas que são mais atraentes, mas que não se vêm como tal. Sua beleza “rende mais”. E…Tudo começa na infância.