O relacionamento conjugal passa por diversas etapas. No inicio predomina a paixão, mecanismo de preservação da espécie. Nos mamíferos, por exemplo, o cio das fêmeas corresponderia à “paixão” dos humanos. Mas, neles, a “paixão” termina no término do cio.
Nesta fase, na nossa espécie, prepondera um estado de euforia, caracterizado pelo encantamento, fascinação que camuflam a forma REAL de ser do parceiro. Nos apaixonamos por personagens fantásticos, idealizados, onde predomina aquilo que neles projetamos. A proposta é seduzir, agradar, com predomínio do desejo sexual.
Com a convivência, passamos a conhecer o outro. A relação afetiva se fortalece, surge o companheirismo, a cumplicidade e a relação é marcada pela estabilidade. É inevitável, neste período, que surja a rotina, o que não quer dizer, necessariamente, monotonia. Porém nos deparamos com os defeitos, qualidades e limites nossos e de nossos parceiros.
No século 20 a indissolúvel instituição do matrimônio deu lugar à possibilidade de separação. Há cerca de trinta a quarenta anos, diminuíram as pressões ético-morais. A possibilidade de procriar sem estar casados passa a ser aceita pela sociedade, a emancipação da mulher no mercado de trabalho proporciona independência econômica em relação ao homem e a pílula anticoncepcional modifica o comportamento sexual das pessoas. Juridicamente torna-se mais fácil à separação. Muitas vezes o final da paixão é confundido com o término da relação.
Na última década o número de divórcios no Brasil cresceu 12 %!
O rompimento é inócuo?
Cada vez mais se questiona o fato. A separação tem mostrado sérios pontos negativos. Pesquisas recentes apontam para o fato de que, em muitos casos, talvez seja melhor buscar-se uma solução para a manutenção da relação. Longe se ser um discurso moralista ou da TFP, são os especialistas em comportamento humano prescrevem que maior esforço no sentido de se rever a relação conjugal.
Uma pesquisa de cinco anos de duração, com 5991 pessoas entre 19 e 75 anos feita pelo sociólogo Patrick Mackenry, da Universidade Estadual de Ohio revela que se casar ou se manter casado diminui os riscos de depressão. Mesmo os casados que se dizem “não felizes” no casamento sentem-se melhor que os solteiros e divorciados. O segundo casamento não melhora tanto a saúde quanto o primeiro casamento de um solteiro.
A decisão de terminar um relacionamento é sempre conflitiva e das mais difíceis. Frustração, raiva, amor próprio ferido obscurecem a razão e diminuem a chance de uma decisão correta. Muitas vezes é difícil, neste estado, diferenciar uma crise do final de uma relação.
Outra precaução a ser tomada é verificar se problemas emocionais de um dos cônjuges ou de ambos provocam a cisão e não um problema intrínseco à relação. Neste caso este cônjuge deverá ser assistido. Pode ser mais fácil culpar o relacionamento. Porém, se uma pessoa nestas condições casa-se novamente tem todas as chances de transferir o problema para a outra relação.
A experiência clínica mostra que a separação não é a solução se ainda houver algum afeto, rasgos de companheirismo.
Problemas conjugais não surgem “de repente”. Insidiosamente podem tomar conta da relação. Por isso a profilaxia, a reciclagem e o autoconhecimento permitem o fortalecimento conjugal.