Muitas pessoas imaginam que o sucesso, o reconhecimento ou o talento, automaticamente conferem a seu portador uma condição de autoconfiança. A coisa não é bem assim, ou não é necessariamente assim. Como dissemos em textos anteriores, o conceito mais abrangente em psicologia é o de autoestima e é ele quem definirá o grau de satisfação e de transformação do sucesso em autoconfiança.
Popularmente, falamos em “Síndrome do Impostor”, uma síndrome não classificada nos compêndios, querendo dizer que muitas pessoas autenticamente competentes não se vêem como tal. Focalizam muito mais suas falhas que seus êxitos. Parecem recear que alguém descubra sua essência, a seu ver, incompetente. Acreditam serem bem sucedidos por sorte, fatores externos, favorecimentos ou qualquer outra coisa, menos por sua capacidade. Não se sentem merecedoras do sucesso. Muitas se auto sabotam. Para elas, a felicidade parece ser perigosa. Parecem abrigar um sensor interno que, tão logo constate que estão felizes, parece dizer “Perigo! Felicidade à vista!”. É o “medo de ser feliz”. O nome “síndrome do impostor” vem do fato que essas pessoas parecem se sentir como um impostor prestes a ser descoberto. Diante de um elogio dizem para si mesmo “Se soubessem como eu sou, não diriam isso”. Entre o que são efetivamente e o que pensam a seu respeito, há o que chamamos uma dissonância cognitiva que gera ansiedade, culpa, evitação, reforçando os sentimentos de inferioridade e insegurança já existentes. Desenvolvem um tipo de perfeccionismo que as leva à inércia. O erro entra como testemunho de incompetência e não como oportunidade de aprendizagem. Thomaz Edson, em sua busca da lâmpada elétrica, testara 10 000 fórmulas químicas que redundaram em insucesso. Seus assistentes diziam: “mestre, o senhor já tentou 10 000 fórmulas e até agora não conseguiu!” Ao que Edson respondeu: “Eu já sei 10 000 fórmulas que não dão certo!” E da perseverança baseada na crença em sua capacidade veio o sucesso. Daí a frase sábia: “O gênio é 99% de transpiração e 1% de inspiração”.
Então, por um lado muitas figuras que admiramos nossos ídolos, são construções projetivas que fazemos. Construímos personagens às quais atribuímos qualidades que não sabemos se possuem ou não. A menina vê em seu ídolo holiwoodiano virtudes que ela própria criou. Ela o idealizou! Uma vez li em algum lugar: “Se você quer manter um ídolo, fique longe dele. Se o conhecer bem deixará de ser seu ídolo”.
O que vai determinar se o sucesso e a notoriedade irão ou não reforçar a autoconfiança dessa pessoa é a presença de uma autoestima adequada. Da consciência da própria capacidade, do sentido de merecimento do usufruto dessa competência.
Você poderá me dizer; “Mas fulano de tal é tão autoconfiante que parece acima do bem e do mal, é até arrogante!” Cuidado! “Achar-se”, gabar-se o tempo todo, tentar a provar que é o tal, ser o dono da verdade, longe, muito longe de revelar autoconfiança, pode revelar insegurança. Pessoas seguras respeitam o próximo! Quem acha que “sabe tudo” é tão inseguro que quem acha que não sabe nada. Lembre-se, a autoestima é uma sensação íntima, calma, de poder fazer frente aos desafios da vida na medida em que ocorram. Um sentimento de ser eficaz diante da vida. Diferencia-se da soberba e do convencimento. É um sentimento altruísta e humilde. Em pessoas com autoestima elevada prevalecem os fatos às crenças. Se novos fatos exigirem, mudam a maneira de pensar. Para pessoas inseguras, prevalece o que elas pensam, mesmo que os fatos as desmintam.
Isso quer dizer que poderemos perfeitamente encontrar pessoas de sucesso que são inseguras, com sentimentos de inferioridade, com ansiedades de todos os tipos.