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Imaginariamente feia

M.H. é modelo e tem 18 anos. Dona de inquestionável beleza, chama a atenção aonde passa, com seus cabelos loiros e olhos verdes. Preocupava-se exageradamente com uma pinta praticamente imperceptível em seu rosto. Ia a todo momento ao espelho e perguntava seguidamente a amigos e familiares acerca desta pinta que ninguém notava. Não acreditava nas respostas e achava que sua aparência estava gravemente comprometida pelo “defeito” que só ela via. Lavava o rosto dezenas de vezes ao dia e levantava-se à noite para faze-lo. Tinha todo um arsenal de cremes e loções , que aplicava compulsivamente para solucionar o problema.Quando conversava com as pessoas buscava ângulos mais favoráveis em que o “defeito” fosse minimizado, especialmente com rapazes. Ia a todo dermatologista que lhe sugeriam. Posteriormente passou a procurar cirurgiões plásticos. Passou a evitar desfiles e fotos e posteriormente quaisquer contatos sociais. Tinha medo que comentassem acerca de sua “horrível aparência”. Ansiedade, pânico e pânico tomaram conta dela.

M.H. tem Transtorno Dismórfico Corporal, ou Dismorfofobia. Percebia de maneira pouco adequada a própria aparência, enxergando defeitos imaginários não constatáveis por outras pessoas.
Os pensamentos do tipo “sou horrível” ou “meu rosto está deformado” simplesmente a invadiam, vinham à mente contra a sua vontade e enquanto ela não exercesse esses comportamentos compulsivos, cremes, olhar-se ao espelho, lavar o rosto, a ansiedade permanecia elevada. Após o ritual, ficava de novo muito ansiosa.

Casos de T.D.C. são habitualmente encontrados em clínicas de estética, em dermatologistas ou em clínicas de cirurgia plástica. Tais pessoas acham-se imaginariamente feias e não concebem que tem um problema psicopatológico. Talvez por isso os estudos indiquem apenas 2% de incidência na população em geral.

Algumas pessoas referem “defeitos faciais” como acne, pintas, forma ou tamanho do nariz, grossura dos lábios. Outros referem defeitos em partes do corpo, como seios caídos, flacidez imaginária, celulites e “pneus” diversos . Defeitos menos comuns também são mencionados, como “umbigo voltado pra um lado”.

Os estudos apontam para evolução crônica se o caso não for tratado. A idade mais comum é a adolescência e o início da idade adulta.

A T.D.C. implica em sérios problemas de auto – imagem. Concorre para o agravamento do quadro a crença que “não estão doentes. Estão feias !” o que adia a busca de ajuda psicológica. Tratados esteticamente apenas estes pacientes vão engrossar o rol dos eternos insatisfeitos. Aqueles que não usufruem da modificação de uma intervenção estética, mas reclamam e vão em frente de tratamento em tratamento, de plástica em plástica, num desconforto sem fim. A procura por tratamento psicológico ocorre quando a pessoa já está profundamente deprimida, ansiosa ou com pânico, e quando sua vida já passou por mudanças negativas de toda ordem, que comprometeram sua qualidade de Vida.

T.D.C. vem freqüentemente associada com depressão, pânico, anorexia nervosa, transtorno obsessivo- compulsivo, fobia social e outros.
MAIS QUE A CORREÇÃO ESTÉTICA O TRATAMENTO É A “CORREÇÃO” PSICOLÓGICA.