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Comer noturno

Márcia, 24 anos, toma apenas café preto pela manhã. Durante o dia come muito aquém de suas necessidades e, não raramente, passa o dia com meia maçã e um iogurte desnatado. Sente-se fraca , cansada , irritada e ansiosa. À noite “devora” alimentos ricos em carboidratos e gorduras, sentindo-se sem controle após a primeira mordida. Em curto prazo recupera a energia e reduz a tensão. Depois se sente culpada : “se eu não fizer isso não consigo dormir e fico agitada”.

A ingestão de mais de 50% das calorias à noite, após a última refeição, é conhecida como Transtorno do Comer Noturno e caracteriza-se por fome intensa à noite, insônia e falta de apetite na manhã seguinte.
A alimentação diurna habitualmente é pobre, com mudança de humor e ansiedade crescente ao longo do dia, que, aliados à fraqueza e à fadiga culminam na “fome noturna” . O alimento pode ser ingerido em grandes quantidades, como no “ataque de comer” , mas, com maior freqüência, mediante beliscadas sucessivas, sendo que muitas pessoas levantam-se da cama varias vezes para comer e só depois conseguem dormir. Os alimentos consumidos via de regra são ricos em carboidratos e gorduras, ingeridos praticamente sem mastigar, muitas vezes às escondidas, reduzindo provisoriamente a ansiedade noturna. Posteriormente pode haver culpa e auto depreciação. Mesmo quando a dieta provê ceia a pessoa pode sentir medo de “ter fome e não dormir”. Vai “comer alguma coisa” e a primeira beliscada fora do cardápio detona o processo. Na manhã seguinte não sente fome e não toma café da manhã.
Ao longo do tempo torna-se um padrão de comportamento e a pessoa pode organizar sua dieta para poder comer à noite, fazendo um semijejum diurno e um autêntico banquete noturno, para o qual “economiza calorias” de diversas refeições, suprimindo-as ou reduzindo-as. Só que acaba perdendo o controle , ingerindo muito mais do que economizou e…engorda.

O medo de “sentir fome e não poder dormir” leva-o a desbalancear a dieta. A necessidade de antecipar a “solução” para a “fome que acha que sentirá a noite” torna-se tão cristalizada que resistirá à mera persuasão do médico e da nutricionista. “Eles não conhecem meu organismo” dizem alguns, quando orientados a modificarem a forma de alimentar-se durante o dia. Outros têm consciência da ansiedade e se auto medicam com tranqüilizantes e “remédios para dormir”.
Tal hábito, automatizado, põe o trabalho médico/nutricional por terra e, juntamente com ele, a proposta de emagrecimento.

10% dos obesos tem transtorno do comer noturno, com predominância masculina.

O tratamento envolve, além do trabalho médico/nutricional, a inclusão da PSICOTERAPIA COMPORTAMENTAL E COGNITIVA.